Alta Roda nº 769 — Fernando Calmon — 28/1/14
PROVISÓRIO
OU DEFINITIVO?
Janeiro concentrou acontecimentos no
universo automobilístico como faz tempo não se via. Há uma coincidência
fortuita, claro, mas entre as cinco medidas que começaram a valer, duas já
sofreram adiamento e outra enfrentou uma tentativa. Seria trágico, se não desse
vontade de rir: esse é o país em que o provisório tende a ser definitivo e o
definitivo pode muito bem descambar para o provisório por meios de sucessivas postergações
e/ou correções. Vamos repassar.
1) A lei que criou a obrigatoriedade dos
freios ABS e bolsas de ar frontais correu risco de ser empurrada para a frente.
Primeiro se cogitou de todos os modelos e depois de abrir exceção só para a
Kombi. Bom senso prevaleceu graças à reação da opinião pública, apesar de momentos
festivos de final de ano. Desta nos livramos. Modelos produzidos até 31 de
dezembro de 2013 poderão ser vendidos até o final dos estoques, sem data
definida. É improvável que ao final de fevereiro ainda existam unidades à
venda. O governo não se mexeu para criar um cronograma adicional que estabeleça
testes de colisões laterais, contra poste e simulação de choque traseiro.
2) Simulador de direção nas autoescolas,
sem dúvida, é uma boa ideia. Facilita o aprendizado do aluno e aumenta a
segurança no trânsito porque aulas práticas não conseguem reproduzir todas as condições
de risco no dia a dia. A lei é de junho de 2013 e implantação prevista até 31
de dezembro do ano passado. Resultado mais do que previsível: apenas cinco
Estados regulamentaram o sistema. E São Paulo, o maior da Federação, acaba de
pedir adiamento por 90 dias. Os argumentos da maioria, todos inválidos, vão
desde o “acúmulo” de pedidos nos fornecedores até o aumento de 20% na despesa
dos alunos.
3) Pela quarta vez se adiou a instalação
obrigatória na linha de montagem de rastreadores veiculares. Novamente o
sistema não mostrou confiabilidade. Essa foi uma má ideia porque os problemas
nas grandes cidades são diferentes no interior do País e todos os veículos ficam
onerados da mesma forma. Tal equipamento deveria, quando muito, ser opcional.
Existe, ainda, um programa paralelo de etiqueta digital para fiscalizar
pagamento de impostos e multas. Mais barato, abrange toda a frota circulante em
pouco tempo, ajudando no combate a furto e roubo.
4) Primeira tentativa séria de regulamentar
os desmanches de carros foi feita pelo governo de São Paulo. Trata-se de uma
medida bem mais eficaz para desestimular a criminalidade. Prevê cadastramento
das empresas, acompanhamento pela internet, novas exigências de rastreamento
das peças e proíbe seu repasse para comercialização por terceiros. Componentes
de segurança como freios, sistemas eletrônicos (ABS e outros) e módulos ou
sensores de airbags não poderão ser vendidos.
5) Multas por videomonitoramento. Está aí
uma novidade sem o menor risco de ser adiada. Publicada em 23 de dezembro do
ano passado, autoriza o agente de trânsito a multar por meio de telas que
recebem imagens de câmeras nas estradas e ruas. Única concessão: placas que
avisam sobre vigilância na via. Imagens não podem ser gravadas e a
possibilidade de erro de leitura não se deve desprezar.
RODA VIVA
CONTINUAM especulações sobre o preço da versão de entrada do VW up!, substituto
do Gol G4, mas de dimensões externas menores. O carro, um dos principais
lançamentos do ano, estará à venda em fevereiro. Agora já se sabe que custará
menos de R$ 27.000. Mais ousados preveem a faixa de R$ 25.000. Último preço de tabela
do Gol antigo/4-portas: R$ 27.810.
MOVIMENTO para abrigar importadores e marcas que também produzirão no Brasil
levou a Abeiva a mudar estatutos e de nome. Passa a se chamar Abeifa, mas o
problema de representatividade limitada continuará. Contra o gigantismo da
Anfavea só se metade dos sócios atuais mudassem de entidade, o que parece
bastante duvidoso.
PRIMEIRO sedã da Mercedes-Benz abaixo do Classe C, o CLA herdou as linhas do
CLS, um belo sedã-cupê. Modelo está indo bem em vendas no exterior, vendido em
média a 10% menos do que o “C”. Aqui, a série inicial custa R$ 150.500 e terá de
enfrentar, além do A3 sedã, o próprio Classe C (com preço de mudança de linha)
e outros. Pelo estilo conquistará fãs.
MOTOR turbo de 156 cv do CLA, abaixo dos padrões da marca, não chega a
decepcionar. Aerodinâmica excelente (Cx 0,23), comportamento em curvas
irrepreensível e acabamento são pontos altos. Tela multimídia (com GPS, sem
toque tátil) e faróis bixenônio contrastam com ausência de função digital
(automática) do ar-condicionado, do banco elétrico e de sensores traseiros.
GEELY, sétima marca de automóveis chineses no Brasil, começa com o sedã
médio-compacto EC7, em março. Preço (completo) na faixa combativa dos R$ 50.000,
para tentar incomodar Civic, Corolla, C4, Focus e 408 entre outros. A marca,
dona da sueca Volvo, não esconde que pretende se associar ao Grupo Gandini (40%
do capital) para construir fábrica no País.
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fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
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