Em 1950 a Chrysler Corporation apresentou seu derradeiro motor de oito cilindros em linha e cabeçote em “L”, pois em 51 saiu o famoso V8 Hemi Head. Era o motor grande de sua linha de luxo, a New Yorker, com 323 pol³ ou 5.297 cm³. Com 135 cv, ele tinha um mar de torque a baixa rotação, mais de 35 mkgf. Era equipado com a famosa transmissão semi-automática Gyromatic. Havia um pedal de embreagem que servia para levar a alavanca na coluna de direção para cima e soltar. Ela ficava deslizando no acoplamento hidráulico entre o motor e a embreagem convencional. Um comando centrífugo ao acelerar arrancava em primeira e trocava para segunda. Depois era embrear de novo e passar para a posição das marchar altas, no lugar da terceira: aí rolavam a terceira e a quarta automaticamente. Como o motor tinha muito torque o usuário preguiçoso passava a alta e saia de terceira deslizando majestosamente no torque do motorzão, mas devagar...Vi muito isso andando por aqui...
O resto do carro era bem convencional, mas extremamente bem-fabricado, montagem de alta qualidade como não se vê mais hoje em dia: suspensão independente na frente e feixe de molas atrás, direção sem assistência e muito, muito cromo...uma imagem bem convencional e conservadora, que levou a firma quase ao buraco nos anos 50, quando a GM e a Ford estavam bombando de estilo.
Uma nota especial é que esse carro foi o primeiro no mundo a oferecer opcionalmente freios a disco, uma opção Kelsey Hayes que quase ninguém escolheu por custar muito caro em 1950.
O carro apresentado foi de um membro da paróquia de um pastor, que o comprou em 1970 parado, de um velhinho que tinha desistido de dirigir depois da passagem de sua esposa. E o vendeu ao pastor por 100 dólares. O de sempre: uma bateria nova, encher os pneus murchos, gasolina e o velho flathead pegou com seu som sincopado e inconfundível. Depois de álguns anos o filho roqueiro do pastor ganhou o carro e o tem até hpje em perfeito estado, com o interior original depois de rodar uns 130.000 km tocando pelo Leste dos EUA.
Mostrando sua qualidade, em 40 anos só precisou de platinado e velas, escovas de dínamo e uma reforma do arranque. E o neto do pastor já quer briga quando o pai quer ir a algum lugar com o carro... Amor de família por uma velho paquiderme com 1.900 kg, de uma época que passou nas estradas do tempo..
O motor em imagens:
Um comentário:
Os oito flathead eram maravilhosos.
Lembro-me de um Dodge Brothers 1932 limousine sete lugares do modelo DK8. Era enorme. Luxuoso. O ronco do 8 cilindros era único e encorpado. Custara o olho da cara quando novo. Era de um senhor fazendeiro que tinha uma enorme casa na rua dos meus avós. Meu tio cresceu apaixonado pelo carro. Comprou-o em 1960 após saber do abandono em que ele estava, lá pelos idos de 1960. Usou-o durante poucos finais de semana, pois morava no RJ e o encostara no enorme e empoeirado depósito da loja de papai.
Vendeu-o em 1975 a um ferro velho por kg de ferro. Na machadada, extinguiu-se.
Era o último Dodge luxuoso lançado, que em 1934 era rebaixado à faixa de preço do DeSoto - este se tornaria mais caro em 1935 no modelo Airflow.
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