sexta-feira, 15 de junho de 2012

DE CARRO POR AÍ COM O NASSER


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Coluna 2412 13.junho.2012


Os brilhos e reflexos do antigomobilismo em Araxá



Países e automóveis tem relação imbricada, marcam-se por eventos distinguidos entre os demais. Assim como o Salão do Automóvel reluz superiormente no Parque Anhembi da capital paulista, em matéria de variedade e elegância do antigomobilismo, o destaque é o Brazil Classics Fiat Show, anos pares em Araxá, estância hidro termal do Alto Paranaíba, MG. Neste não diferiu.
Há situações sempre favoráveis, como o patrocínio da Fiat Automóveis e suas associadas, e a imponência do hotel, misto de castelo e palácio, dominando a paisagem enfeitada por jardins de Burle Marx, fontes de água, lagos. A mescla dos veículos multi coloridos em frente à construção enfatizam a arquitetura, em composição plástica superior à oferecida por mostras sul americanas e acima do trópico.
Neste ano, o 20º. do evento em tal sítio, a chuva que lavou parte do feriadão de Corpus Christi amainou o entusiasmo de alguns colecionadores que, apesar de inscritos, não compareceram, possivelmente com delicado receio de molhar seus automóveis... Mas, preciosismos e radicalismos à parte, nos quase 300 participantes havia linha comum: veículos, raros, caros, bem cuidados ou bem restaurados. Uma ou outra derrapagem, como aplicação de pintura metálica em época ou marca que não a utilizava, rodas e pneus em medidas confortáveis embora não originais, referências históricas torcidas, questões pontuais, desclassificatórias para obter a placa preta, rótulo de originalidade mas, no caso, onde tal objetivo não era buscado pela Federação Brasileira de Veículos Antigos, que apadrinha o evento, eram desprezíveis relativamente ao conceito, e em meio às marcas e modelos imponentes.

Referências importantes em país de pouca lembrança, o centenário Benz 1911, ex-Cardeal Arcoverde; o espanhol de qualidade Hispano-Suiza 1916, nivelados aos Rolls-Royce; representantes de marcas extintas - Maxwell Touring 1917, Graham Paige Roadster 1928 e Huppmobile Phaeton 1923 pela mão de Marcus Meduri presidente do novo Veteran Car Club de SP, – e os sempre impactantes Cadillacs. Nestes, destaque e louvação à premiada família Rigotto Gouveia, arrasando com unidades conversíveis dos anos ´50 e uma limousine. Da marca, igualmente atraentes, os premiados Série 75 limousine Derham  do paranaense colecionador Luiz Gil Leão.  Curioso Landaulet de 1923, exibia o conceito social da época, onde o chauffeur, como se dizia, ia exposto às variações do tempo, e unidades da virada da década de´20, com motor V 16. Caras raridades, produzidas e consumidas em pequena quantidade, tendo em vista a demanda contraída no período de crise norte-americana. No time de impacto, Packard Super Eight (motor de oito cilindros em linha e grande cilindrada) luxuosa carroceria Dietrich, de 1934. Dentre os Rolls-Royce, dois Phanton V, feito em 516 unidades entre 1959 e 1964, e um Silver Wraith marrom, 1952, em carroceria H. J. Mulliner. O PHANTOM i Springfield de 1923 – raridade inglesa montada nos EUA – ganhou o prêmio Roberto Lee e o colecionador brasiliense Rúbio Fernal engrossou o reconhecimento à frota da Capital, com premiados Austin Healey de Renato Malcotti e o último Ford Landau Presidencial que serviu ao Palácio do Planalto, levado pelo Museu Nacional do Automóvel.
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Rolls Phantom I Springfield 1923, de Rubio Fernal, prêmio Roberto Lee de excelência (foto Giacomo Favreto)
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 O premiado Landau Presidencial do Museu Nacional do Automóvel (foto Teresa Gago)
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Sob o aspecto de cultura automobilística, resgate pelos irmãos Marx de Kombi Barndoor, alemã de 1950, restrito modelo com enorme tampa para o motor 1.100, e quatro veículos recém importados cumpriam a função: inglês Aston Martin DB2/4 Mkii; francês La Licorne; italianos Alfa Romeo 1900 carroceria Touring e Giulia SS carroceria Bertone, todos premiados. Ao todo distribuíram-se 63 prêmios.
Enfeites
Sub eventos ocorreram sob a confortável sombra do Encontro. Leilão – que se sedimenta e educa participantes – vendendo 35% dos 105 lotes inscritos, e recordistas R$ 400 mil por Ferrari 365GT 2+2 Coupé, e comportamentos curiosos como os donos de Ford Maverick GT e motoneta Vespa, não provocados pelos respectivos lances de R$ 110 mil e R$ 17 mil. No leilão, constatação preocupante: sensível parte dos automóveis era recém importada, às vezes com reforma rápida, sem qualidade, fomentando comércio, descaracterizando a legislação que autoriza a importação dos antigos para incrementar o patrimônio automobilístico nacional.
Hábil, fazendo lances, José Luiz Gandini, representante nacional da Kia bancou R$ 390 mil Ford Thunderbird 1957, engrossando sua coleção conversíveis V8 automáticos.
A feira de peças foi contida, porém adequada, rica, movimentada, variada. Do emblema, da calota, da revista antiga e, até, como adquiriu o Curador para o Museu Nacional do Automóvel, em Brasilia, raro exemplar de pequena série de mini fórmulas construída pelo piloto e recordista brasileiro de velocidade Norman Casari ao final dos anos´60.
Evento elegante, contava com artistas aptos a retratar veículos dos colecionadores, e o jornalista Jorge Meditsch, com ilustrações de suas fotos dos antigos, tratadas por computador na conhecida exposição Autorretratos.
O colecionador carioca Paulo Lomba promoveu duas premiações. Uma, Esportivo Nacional, ao Brasinca 1965 do organizador Otávio Carvalho, e uma homenagem a Ferdinand “Butzi” Porsche, recém passado, criador do mítico 911. No desfile de variados exemplares, ao volante do modelo anterior, o 356, insólita presença de André Biagi, maior colecionador brasileiro de Ferraris.
No evento, eleição para a Federação Brasileira de Veículos Antigos, com repetição de metas anteriores não alcançadas.
Presente, interessado, discreto, simpático, sem segurança ou enxame de assessores, o governador de Minas Antônio Anastasia. Ficou todos os dias. 
Réplica ?
Questão cultural, no átrio do Tauá Grande Hotel, exemplar do Benz Patent Wagen, primeiro veículo útil e auto móvel. De propriedade dos Rigotto, adquirido há dois anos à Mercedes-Benz, e porta o número 77 da nova leva produzida.
Réplica ? Não. Feito com desenhos originais, materiais idênticos, por processos assemelhados, e pelo mesmo fabricante, não é réplica pois nada copia de veículo extinto, mas projeto com produção não seriada. Insólito, peculiar. Réplica ?  Não.
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 Benz Patent Wagen. A história do automóvel útil começa com ele.
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A evolução do câmbio Dualogic, no Bravo 2013
Dualogic é o sistema automatizador da caixa de marchas dos Fiat de maior preço. Envolve eletrônica, eletricidade e hidráulica e, na prática, faz um carro com transmissão manual funcionar como automático. Não fica por aí, abandonando o uso do pé esquerdo pela ausência do pedal da embreagem, como nos automáticos – aliás, a maneira correta em um e outro, é usá-lo para frear. Tem duas e opostas aplicações: para quem não gosta de trocar marchas, usufruindo da economia de movimentos no para-e-anda cansativo de nossas ruas; e para apreciadores do cambiar com respostas rápidas – o Dualogic, para estes motoristas, faz a mudança pela alavanca ou por aleta sob volante, em tempo muito menor. Em ambas as situações consome menos energia que o câmbio automático.
Ao surgir, há quatro anos, seguido por similares da Volks e da GM, era lento no trocar marchas, dava tranco no carro. Você sabia que o carro passante era automatizado pelo balançar da cabeça dos ocupantes nas passagens de marchas. E tinha lógica atrapalhada e de ação lenta para reduzir. Agora isto mudou. A Fiat e a Magneti Marelli, produtora do sistema, traçaram evolução na programação eletrônica e o resultado prático se nota na passagem das marchas, mais rápida em quase ½ segundo, na objetividade da redução, e funções adicionais, gera marcha lenta mais alta para manobrar sem pressionar o acelerador, e de deter o carro em ladeiras de até 8% para arrancada sem pisar no pedal do freio.
Enfim, agrada aos extremos em opção a R$ 2.500, hoje marcante no novo Bravo, e em breve permeará a outros Fiat, como disse Cláudio Demaria, engenheiro chefe da Fiat, na única frase clara na entrevista em que as explicações dos engenheiros da Fiat se enovelavam nas dúvidas dos engenheiros jornalistas.
Bravo
Mais jeitosa no segmento, a linha Bravo 2013 mudou a listagem. Sai o Absolute, manual. Mantém o torcudo motor FPGT 1.8 16V e 132 cv. Versões Essence a R$ 53.140; com opção Dualogic R$ 55.600; novo Sporting R$ 58.140 (o pacote diferenciativo vale mais que os R$ 5 mil de diferença); Dualogic Plus a R$ 60.600. T-Jet 1,4-litro turbo, gasolina e câmbio manual de seis marchas, R$ 66.230,00. Preços com IPI reduzido, válidos até final de agosto.
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Bravo Sporting 2013, melhor pacote da linha
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Roda-a-Roda
Baixa – A venda de 12.288 carros importados em maio significou 4% de crescimento relativamente a abril, e menos 35,6% quanto a maio de 2011. Alta do IPI e crescimento do dólar são as causas. A Abeiva, associação dos importadores, preocupa-se.
Aviso - Diz Flávio Padovan, presidente, o fim dos estoques com IPI antigo irá majorá-los, as vendas cairão, e a contenção de custos passará por demissões. Hoje a rede de distribuição emprega 35 mil em 882 concessionárias.
Corte – A JAC começou cortar pessoas no escritório cental.
Parrudo – Novo Kia Mohave, duas motorizações: diesel 3.0 V6, 24 válvulas, 256 cv, transmissão automática com 8 velocidades, a R$ 189,900, e gasolina, 3.8, V6, 24v, 275 cv. Transmissão pobre, automática, 5 velocidades, a R$ 169,900. Em ambos, bom pacote de confortos e segurança, sensações com o diesel são incomensuravelmente superiores.
Melhor – Pesquisa do instituto JD Power com a revista What Car ? sobre satisfação de clientes, deu a Jaguar como fabricante número 1 na Inglaterra. Dentre 18 mil pesquisados sobre desempenho, conforto, design, qualidade, custos de manutenção, os donos de Jaguar são os mais felizes. Superaram todos os demais – incluindo Rolls-Royce, Bentley, Lotus.
Quem diria – Há anos revista norte-americana definiu o Jaguar com ácido humor, dizendo ser o melhor automóvel do mundo – quando funciona. Ao que parece deu resultado o bom trabalho de saneamento feito pela Ford e mantido pelo grupo Tata, atual dono.
Melhor ? Pessoal da Ford ri: quem andou no novo picape Ranger, com motor diesel Ford, cinco cilindros, 200 cv, diz ser o melhor no serviço.
Nicho – Engenharia da Fiat surpresa com o rendimento do Chrysler V8 300C – não importado por esta associada. Quer validar a versão para o nosso mercado.
Clientes – Se você tem amigo com deficiência visual e interessado em veículos, avise-o: a Ford Credit é a primeira financeira de montadora no Brasil a implantar página de internet acessível.
Volta – O Brasil quer voltar a produzir veículos bélicos, e o primeiro ficou pronto: é o blindado anfíbio Guarani. Diesel industrial FPT, 383 cv, câmbio automatizado leva até 11 soldados. Desenvolvido com a Iveco, terá fábrica exclusiva para as 2.044 unidades do contrato inicial.
Situação – Líder no mercado, preocupada com a queda de vendas, previsível pelo aumento de preço dos caminhões em função da mudança dos motores para obedecer às novas regras de emissões Euro 5, a MAN faz o Feirão Sob Medida em todos seus revendedores. Um dos atrativos, garantia de 2 anos.
Treino – Por conta de restrições impostas ao tráfego aéreo carioca durante o Rio +20, a Gol suspendeu 41 vôos nos dias 20, 22 e 23.
Antigos – No ano em que a Federação Brasileira de Veículos Antigos comemora 25 anos de fundação, Henrique Thielmann, reeleito presidente, não apresentou propostas, mas comentários sobre pautas antigas: fazer os carros andar; concatenar eventos; aplicar-se na legislação de importação de carros. Como não há projetos, não há compromissos para cumprimento. Nada muda.
Gente - Roberto Cortes, presidente e CEO da MAN Latin America fabricante dos caminhões e ônibus Volkswagen e MAN, eleiçãoOOOO Personalidade de Vendas da América Latina em 2012 pela Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil. OOOO Paolo Del Noce, engenheiro, turinês, 45, experiência. OOOO Diretor de Veículos de Defesa da Iveco, para produzir o anfíbio blindado Guarani. OOOO Substitui o competente Appio Aguiari, criador recém aposentado. OOOO Fabrício Migues, jornalista, novo pouso. OOOO Na assessoria da Nissan. Era da JAC. OOOO

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